sexta-feira, 9 de março de 2012

Começou a Temporada de Bagunçar a Casa


Mesmo a pessoa mais otimista do país não pode negar que o Brasil começou o ano (em março, depois do carnaval, é claro!) com o pé esquerdo.

O resultado do PIB nacional crescendo apenas 2,75% diante da promessa da equipe econômica nacional de pelo menos 4,5% acabou se revelando um grande fiasco.

E os dados de janeiro mostram que a situação tende ainda ficar mais grave: a produção  industrial do país caiu 3,44% frente ao mesmo período de 2011. Aquele foi o sétimo mês consecutivo de queda do indicador e o pior resultado desde setembro de 2009, quando estávamos ainda no epicentro dos efeitos da crise financeira mundial.

Outro dado de arrepiar os cabelos é o recorde dos útimos três anos da emissão de cheques sem fundos no primeiro bimestre desse ano, que chegou a 1,97% do total emitido, lembrando que esse tipo de moeda de troca está em crescente obsolescência.

Em resumo, a recessão industrial, em conjunto com a estafa da capacidade de crédito da população e somada com a frustração da safra na região sul do país deixa claro que o momento atual e os próximos meses serão bem pouco agradáveis quando o assunto for economia.

Não é à toa que o Banco Central se apressou em reduzir 0,75 ponto percentual da  SELIC. Mas, além disso demorar para repercutir no mercado interno, só a pressão dos juros básicos não terá força para fazer os custos de financiamento do cheque especial e cartão de crédito recuar a limites razoáveis, favorecendo assim consumo.

É verdade que informalmente o setor financeiro vem sendo até benevolente na redução de juros para quem está pessoalmente falido, de dentro da velha filosofia de que é melhor recuperar pelo menos algum dinheiro, do que ficar de mãos vazias. Entretanto, para os endividados até o pescoço - que relutam em assumir a própria quebra - os dias estão sendo bem difíceis para honrar os compromissos e gerar consumo novo.

Já pelo lado político, está latente a impressão de que o governo de Dilma deixou de ter uma base de apoio inabalável, pelo abalo causado na recusa do senado em reconduzir ao cargo o presidente da ANTT, Bernardo Figueiredo, indicado pessoalmente pela própria Patroa.

É claro que para os senadores pouco ou nada importa o cargo, propriamente dito. O coitado do Bernardo simplesmente foi usado para mostrar a insatisfação da base aliada com o tratamento recebido pelo próprio governo.

Esse comportamento pode estar sendo ocasionado por dois fatores, sendo que nenhum deles pode ser considerado muito digno à luz do que seria saudável para o trato da política nacional:
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      No primeiro caso, os já citados resultados ruins da economia brasileira - caso se propaguem nos próximos meses - tornarão oportuno o desembarque de pelo menos alguns partidos aliados do governo, para se posicionarem com mais força nas oportunidades geradas pelas eleições municipais.

·    O segundo fator refere-se simplesmente à criação de um impasse para buscar a força na negociação de algo que a presidente já mostrou detestar: a barganha e concessão de cargos públicos para os "amigos" da rainha.

Encurtando as palavras, é lamentável que a representação parlamentar brasileira tenha deixado de lado a verdadeira discussão do mérito das políticas públicas e se dedicado quase que exclusivamente à “locupletagem”  por meio de empregos e verbas públicas. Essa é uma postura histórica das últimas legislaturas, mas que foi especialmente solidificada na administração do ex-presidente Lula.

Moralismos a parte, o fato é que os dados políticos e econômicos colhidos nessas primeiras semanas de ano ativo, mostram um horizonte bastante turbulento para os próximos meses.

Se as lideranças petistas conseguirem pelo menos domar a perspectiva recessiva (especialmente nas cidades industriais e agrícolas), eles aquietarão os seus aliados nada fiéis e terão condições de se fortalecerem nas eleições municipais.

Caso contrário, o arranca-rabo será bem feio. 

Até Breve.

Eduardo Starosta

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