Uma
Nova Geopolítica Norte-Americana
O presidente dos EUA, Barack
Obama, está em uma fria no campo político. Seu partido, o Democrata, perdeu
espaço no Congresso nas últimas eleições. Isso é um indício de que o poder
poderá voltar aos republicanos no próximo pleito majoritário. Diante desse
quadro, o senso político manda Obama correr em busca de apoio junto aos
eleitores.
O alvo: latinos residentes
nos EUA e que já compõem um percentual relevante do eleitorado.
A conta: um em cada seis
eleitores é de origem latina. E essa população, de menor renda, vem crescendo
em ritmo quatro vezes mais rápido do que o restante dos norte-americanos.
As ações: abrandar as leis
contra deportações de residentes clandestinos; e o reatamento de relações
diplomáticas com Cuba, após de mais de meio século de inimizade.
E é esse último ponto que vem
sendo destaque dos principais jornais do mundo.
É de se reconhecer que o
estabelecimento da paz com a ilha dos irmãos Castro transcende os interesses
mais diretos da política interna norte-americana.
Após o fim da União
Soviética e a consolidação do capitalismo chinês, Cuba passou a ser o último
baluarte global do velho marxismo, ironicamente localizado nas vizinhanças de Miami.
E essa posição foi extremamente importante no discurso ideológico de vários
países sul-americanos nesse início de século. Venezuela, Bolívia, Brasil e
outros países da região utilizaram o regime cubano como fonte de inspiração.
Economicamente isso foi um
caos. Mas politicamente a estratégia foi bem sucedida. E ser pró-Cuba, até há
alguns dias, era sinônimo de ser contra os EUA.
Com a paz entre os dois
países, essa realidade pode mudar. Se os cubanos forem seduzidos pelas delícias
da economia de mercado, o discurso sul americano ficará fragilizado.
Isso será essencial para uma
estratégia estadunidense no âmbito continental. Novos blocos geoeconômicos
estão se consolidando. Além da União Europeia, está ficando evidente a
aproximação política, econômica e militar entre Rússia e China.
Enquanto isso os parceiros dos
EUA (Japão, Reino Unido e Austrália) estão meio moles. A vitalidade
latino-americana é vital para eles. E pode ser uma excelente oportunidade para nós
do sul.
Eduardo Starosta